A estética sexual integra a arte no Japão
Em dois volumes com um total de 848 páginas, A Erótica Japonesa na Pintura & na Escritura dos Séculos XVII a XIX, de Madalena Natsuko Hashimoto Cordaro, resgata o tema e a poética do erotismo na arte japonesa. Reúne centenas de imagens que, aliadas ao primor editorial da Editora da USP (Edusp), convidam o leitor a contemplar o universo dos sentidos.
O livro é fruto da pesquisa da tese de livre-docência defendida há seis anos na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Madalena é professora do Departamento de Línguas Orientais da FFLCH e uma das especialistas no Brasil em cultura japonesa. Nas primeiras páginas, destaca o pensamento do historiador e crítico de arte Yoshihiko Shirakura:
“Parece não existir nenhuma época em que não tenha havido interesse pelo amor sexual, porém, no período Edo, em particular, ele se impregnou até na gente mais comum, e podemos dizer que foi uma época de altíssima concentração na temática erótica.
Pode-se também dizer, de outra forma, que foi um período em que se entrelaçaram as artes e o sexo. Se, por um lado, a área de prazeres Yoshiwara vendia o sexo, por outro, era também local de apreciação das artes; no teatro kabuki, ao mesmo tempo que se apreciava a arte do palco, vendia-se o sexo tanto para homens como para mulheres.”
Ao longo do livro, o leitor vai percebendo as diferenças entre as gravuras chinesas e japonesas inspiradas no erotismo. A autora explica que, na transmissão de obras chinesas ao Japão, que se intensificou no século 18, obras de caráter notadamente confucionista tornaram-se embriões de muitos mitos tratados por Ueda Akinari e Takizawa Batin. Segundo o historiador Yoshikawa Kojirô, é notável a influência de obras chinesas. A autora cita a argumentação de Kojirô: “Afirma ele que, ao se comparar essa produção, nota-se que no Japão as narrativas fictícias são mais idealizadas, enquanto na China elas têm uma tendência realista mais acentuada”, destaca. “Talvez do ponto de vista visual, também tal diferença seja prevalecente. É o que almejamos demonstrar.”…
Fonte: jornal.usp.br