Como o Japão conseguiu dar educação de qualidade a ricos e pobres
A distribuição de professores ajuda a explicar a igualdade de condições nas escolas
De acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Japão é o país com o maior nível de igualdade na educação, quando comparado a outros países com índices de desenvolvimento similar.
No país asiático, a grande maioria dos estudantes das classes sociais mais baixas tem acesso a educação de qualidade equivalente àqueles de classes sociais mais altas – segundo dados da própria OCDE, apenas 9% da variação de desempenho entre os alunos é ocasionada por diferenças socioeconômicas.
Além disso, o Japão apresenta um dos menores índices de evasão: 96,7% dos jovens terminam o ensino médio; a média dos países analisados pela OCDE é de 76%. No Brasil, o índice é de 46%.
Uma das explicações para os bons resultados é a distribuição de professores altamente capacitados para áreas diversas do país, o que cria um equilíbrio no nível de ensino entre áreas urbanas e rurais, pobres e ricas. “Há muitos esforços para redirecionar os melhores professores e recursos para os estudantes mais desprivilegiados”, diz Andreas Schleicher, responsável pelo trabalho da OCDE em educação e desenvolvimento.
Essa abordagem parte das outras esferas da sociedade e do governo: no país, a falta de oportunidades é vista como responsabilidade de todos. Como resultado, crianças japonesas que crescem em famílias mais pobres têm maiores chances de mobilidade social na vida adulta, quando comparadas às de outros países desenvolvidos, como os Estados Unidos.
O sistema de realocação de professores é um dos principais motivos por trás da igualdade do sistema educacional japonês: docentes no Japão não são contratados por escolas específicas, mas por províncias, que podem mudar o posto de trabalho do professor a cada três anos.
Já o sistema de contratação por província é similar ao modelo brasileiro, em que as Secretarias de Estado da Educação fazem concursos e processos de seleção para uma região específica. Mas enquanto no Brasil os docentes contratados são alocados para escolas de modo aleatório, no Japão as províncias analisam as demandas de cada escola e escolhem os profissionais mais alinhados a cada necessidade…
Fonte: undime.org.br