Conheça o saquê feito com a água da neve
Hokkaido, região no extremo norte do Japão. As botas de sola emborrachada desaparecem na neve que já bate quase no joelho de uma pessoa de porte médio. Vidros embaçados pelo frio refletem o cenário monocromático. Todo branco. O gelo que se vê nas colinas vai derreter, se juntar a grãos de arroz e virar saquê. Em toda a ilha, a segunda maior do arquipélago japonês, a bebida mais emblemática do país com estações bem definidas começa a ser processada no inverno e fica pronta na primavera. Só que cem anos depois.
A produção de saquês na parte mais fria do Japão, área com perto de 6 milhões de habitantes espalhados em quase 84 mil quilômetros quadrados (mais ou menos metade da população da cidade de São Paulo em um território cerca de 50 vezes maior), começa quando a primeira gota de gelo derretido escapole das montanhas. A partir desse momento, basta esperar um século e a água que antes era neve estará depositada no subsolo.
De lá, vai direto para as sakaguras (nome em japonês para fábricas de saquê), onde será derramada em grandes tanques junto com um dos mais de 150 tipos de sakamai, arroz específico para a produção da bebida, e levedura. O polimento de até 70% dos grãos, processo que retira a parte com menor concentração de amido do cereal, aliado à pureza da água, presente em 80% da receita, garante a delicadeza do saquê – quanto menores ficarem os grãos, mais nobre será a bebida…
Fonte: revistamarieclaire.globo.com