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Grupo ultra-nacionalista japonês em SP prega valores samurais

Alemanha, França, Estados Unidos. O ultra-nacionalismo ganha força mundo afora e estampa as manchetes de jornais. Mas há um país onde as ideias de revisão dos laços globais vem ganhando força nas sombras, inclusive nas sombras paulistanas.

Hokori aru kuni zukuri he”, ou “criar uma nação orgulhosa”. Este é o lema da Nippon Kaigi (Conferência do Japão), uma associação ultra-nacionalista, revisionista e que prega o retorno do Japão ao seu passado imperialista. Com 35.000 membros (uma fração ínfima dos 127 milhões de japoneses) a Nippon Kaigi controla 289 das 480 cadeiras do parlamento japonês, incluindo a do atual primeiro-ministro Shinzo Abe – e tem em São Paulo a sua maior sede fora do Japão.

O escritório da Nippon Kaigi do Brasil fica na Liberdade, o bairro oriental de São Paulo, de frente ao Largo da Pólvora, uma praça ornamentada em estilo japonês, com um laguinho, uma ponte shoribashi, salgueiros-chorões e uma estátua de Shuhei Uetsuka, pioneiro da imigração japonesa no Brasil. Ao entrar nos corredores mal iluminados do edifício Art-Deco e dar de cara com uma porta onde se lê em japonês “Barujiro Nippon Kaigi” é fácil se sentir como Aomame, a personagem central do romance surrealista 1Q84, do japonês Haruki Murakami, que ao descer uma escada em uma rodovia-expressa é transportada para um outro mundo. De fato as ideias da Nippon Kaigi parecem pertencer a outra realidade.

A Nippon Kaigi prega uma retomada do “espírito japonês” e a mudança da Constituição Japonesa de 1947, principalmente o artigo 9, que proíbe o país de manter um exército, e o artigo 20, que separou religião e Estado — até o final da Segunda Guerra Mundial o Imperador era visto oficialmente como uma divindade. “Os americanos deixaram o Japão com uma Constituição que não pode ser mexida. É preciso o voto de dois terços do parlamento e uma consulta popular. É impossível”, explica Keizo Tokuriki, o nipo-brasileiro que preside a Nippon Kaigi do Brasil. “A realidade é que o americano tinha medo dos japoneses.”

Magro, os cabelos grisalhos penteados para trás e vestindo com uma camiseta polo bege para dentro das calças, Tukuriki não aparenta seus 75 anos. Nascido em uma pequena cidade próxima de Nagoia, ele está no Brasil desde 1967. “O japonês é patriota. Sempre foi patriota. Esta é uma tradição de 2.600 anos”, diz. “Este sentimento do bushidô, que significa gostar do Japão, está se perdendo. O japonês deveria ser patriota, mas muitos estão perdendo este orgulho.”…

 

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Fonte: exame.abril.com.br

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