Kazurayama, um hibakusha entre nós
By Eduardo Gomes
Hibakusha é a designação dada pelo Japão aos sobreviventes dos ataques atômicos a Hiroshima e Nagasaki agosto de 1945 quando da Segunda Guerra Mundial. O mestre Masanobu Kazurayama é um deles e aos 78 anos faz da pintura o mata-tempo de sua vida de retirante da guerra e de agricultor frustrado do projeto Rio Ferro, no Nortão, onde plantou 200 mil mudas de seringueiras e cultivou um extenso plantio de pimenta-do-reino, ambos sem sucesso; Rio Ferro foi uma gleba colonizada por japoneses e seus descendentes na área onde se situam os municípios de Feliz Natal e Nova Ubiratã. Suas mãos firmes e o olhar aguçado fazem do pincel uma amestrada ferramenta delineadora de belas obras, como as pinturas em telas expostas no térreo da loja do Big Lar Supermercado na Avenida Miguel Sutil ao lado do Trevo Santa Rosa.
A arte do mestre Kazurayama está em cena com a exposição “Paisagens de Mato Grosso e Japão”, que enche os olhos dos visitantes com a neve infinitamente branca do Monte Fuji e os detalhes de um castelo japonês com o azul do céu pantaneiro e o verde da pastagem naquela região alagada onde reina o Cavalo Pantaneiro entre revoadas de pássaros; a exposição foi aberta na segunda-feira, 26 e as obras podem ser vistas até o domingo, 2 de julho.
Nem o característico perfil enigmático característico do japonês apaga o permanente sorriso do rosto desse artista. Além de sorrir, de ter vencido a bomba destruidora e superado os percalços em Rio Ferro, ele carrega a marca da violência do trânsito em Cuiabá: vítima de um atropelamento na Avenida Historiador Rubens de Mendonça, caminha amparado por um par de muletas enquanto se recupera de uma cirurgia para implante de prótese. Na exposição, para maior comodidade, se locomove numa cadeira de rodas…
Fonte: diariocuiaba.com.br