O governo do Japão e o cigarro
O ministro da Economia do Japão, Taro Aso, é o campeão das gafes políticas. Certa vez, com uma lógica irrefutável disse que os custos com a saúde diminuiriam se as pessoas idosas morressem mais rápido. Mesmo assim, as dúvidas que expressou em relação ao vínculo entre cigarros e câncer de pulmão, causaram surpresa. O ceticismo do ministro Aso é uma forma de se iludir. Afinal, ele fuma desde jovem. Além disso, o Ministério da Economia arrecada mais de ¥ 2 trilhões (US$18 bilhões) por ano com a cobrança de impostos sobre cigarros e detém um terço da Japan Tobacco, a quarta maior fabricante de cigarros do mundo.
Os ativistas protestam há anos contra a ambivalência de um governo que, ao mesmo tempo, vende cigarros e desencoraja o tabagismo. Agora, se discute a proposta da proibição do fumo na maioria dos edifícios públicos para proteger as pessoas do tabagismo passivo. O Ministério da Saúde quer pôr essa proibição em vigor antes da chegada dos milhões de turistas a Tóquio para assistirem as Olimpíadas em 2020.
Quase 70% dos deputados do Partido Liberal Democrata (LDP), a que Aso pertence, se reuniram em um grupo que se opõe à proibição. Esses parlamentares contam com o apoio de um grupo pequeno, mas influente, de fazendeiros que cultivam tabaco, e dos proprietários dos milhares de bares, restaurantes e dos izakayas, os bares tradicionais japoneses que servem comida, que temem a perda dos clientes. Mas segundo o Ministério da Saúde, esses estabelecimentos são responsáveis por pelo menos 15 mil mortes por ano, em decorrência do fumo passivo…
Fonte: opiniaoenoticia.com.br