Professores, por favor, parem de dizer que todo japonês é inteligente
“Ele só tira nota alta. Japonês é tudo inteligente.” Qualquer pessoa já deve ter dito, ouvido ou pensado isso. É uma generalização, um preconceito, mas que não sofre não muita resistência por se tratar de algo tido como um elogio. Não é bem assim, e a disseminação dessa ideia acaba se desdobrando em outras que não têm nada de abonadoras.
O conceito de “preconceito positivo” merecia um debate por si só. Preconceito é preconceito, é criar o retrato de uma pessoa baseada em evidências superficiais. Nem todos os orientais são inteligentes. Alguns têm desempenho escolar ruim, e o fato de eles terem uma origem diferente não pode ser usado como pressão extra. Mas a questão aqui é mais profunda que isso.
Ao chamar de “japonês” qualquer pessoa de origem oriental, mesmo que seja chinesa, coreana, taiwanesa, tailandesa ou vietnamita, ignora-se a identidade cultural, social, física e linguística entre esses povos. Mesmo dentro desses países, há diferenças regionais e étnicas marcantes. Tratar todos como uma coisa só é ofensivo por insinuar que “pessoas de olhos puxados” são todas iguais.
Não é difícil entender por que isso é ruim. É o mesmo incômodo de quando um europeu ou norte-americano não sabe diferenciar um brasileiro de um mexicano, argentino ou colombiano, ao desconsiderar as diferenças entre os povos latino-americanos. Mas, no caso dos orientais, é potencialmente pior devido a rixas históricas entre alguns desses povos, com casos de opressão e racismo entre eles…
Fonte: novaescola.org.br